Além de todas as etapas da avaliação psiquiátrica, utilizamos de técnicas que explorem outras formas de expressão. Muitas vezes o profissional usa de desenhos, jogos e brincadeiras como forma de expressão, que auxilia o psiquiatra a chegar em determinadas respostas importantes para seu diagnóstico ou avaliação do tratamento.
Muitos pais ou responsáveis ao notar alguma alteração comportamental nas crianças ou adolescentes, ficam em dúvida sobre qual profissional procurar. Vamos te ajudar a entender cada uma delas.
O psiquiatra é o médico com especialidade nas questões que envolvem os mais variados tipos de sofrimentos mentais. Como ele é um médico, apenas este profissional está autorizado a receitar remédios e realizar diagnósticos e laudos, conforme a legislação atual. Independente da origem, seja biológica ou ambiental, os transtornos mentais podem ser altamente incapacitantes. O sofrimento se estende a todos que convivem com a pessoa que está acometida por alguma destas doenças, ainda mais quando se trata de uma criança ou adolescente. Dentre as áreas reconhecidas pelo Conselho Brasileiro de Psiquiatria, uma das mais conhecidas é a Psiquiatria da Infância e Adolescência. Ela é responsável por diagnosticar e tratar de maneira especifica os sofrimentos mentais manifestados nesta fase que exige tantas particularidades, além de um olhar acurado. Diante de tantas características existentes na criança, que ainda passa por grandes mudanças tanto físicas quanto mentais, é importante ser atendido em uma consulta com um profissional especialista.
O psicólogo é o profissional que faz a graduação em psicologia. É um curso que estuda a mente humana e o comportamento. Ele está apto a identificar alterações provindas de traumas, medos, conflitos e podem ajudar em momentos que a pessoa está em sofrimento por não conseguir lidar com determinados pensamentos conflitantes. Além disso, ele está apto a aplicar testes para avaliar algumas funções mentais, assim como contribuir em escolhas de carreira profissional, por exemplo. O psicólogo pode ser procurado mesmo quando a criança não possui transtornos mentais, ele pode ajudar no desenvolvimento geral do ser humano, o tornando mais confiante e capacitado para enfrentar as adversidades da vida.
Muitas vezes, realizamos o atendimento associando consultas entre os dois profissionais da saúde. São profissões muito importantes e complementares!
As consultas são realizadas através de uma entrevista inicial detalhada e exame do estado mental do paciente. Se o paciente for uma criança, a entrevista inicial é com os pais, e posteriormente a criança é avaliada. Caso seja necessário, pode ser solicitado alguns exames complementares (laboratoriais, testes ou exames de imagem). O auxílio da escola nesse processo é muito importante para avaliar o paciente de forma ampla e em múltiplos ambientes. Somente após essas etapas, são formuladas hipóteses diagnósticas e é traçado um plano terapêutico individualizado.
Os transtornos mentais na infância e na adolescência causam sofrimento e prejuízos no funcionamento social e acadêmico. Além disto, eles prejudicam o desenvolvimento dos indivíduos, impedindo que eles alcancem habilidades esperadas para sua faixa etária. Os principais sintomas de alerta para buscar um profissional são:
*Mudança no padrão habitual de comportamento ou surgimento de comportamentos diferentes do esperado para a idade. Exemplos: medos recorrentes, ansiedade e nervosismo, alterações no sono e apetite, choro frequente, manias e rituais estranhos, apego exagerado a um familiar, recusa em frequentar a escola, urinar ou evacuar na roupa/cama.
*Alterações do sono, como insônia, sonambulismo, aumento da necessidade de sono.
*Alterações da alimentação, como: recusa em comer, alteração do apetite, seletividade alimentar.
*Comportamentos que são persistentemente diferentes do esperado para a idade. Alguns exemplos são: manias estranhas, apego exagerado à rotina, irritabilidade persistente, agitação importante e dificuldade de ficar quieto quando seria esperado, dificuldade de manter atenção.
*Dificuldade de relacionamento com outros indivíduos da mesma idade ou com adultos, por exemplo: é muito retraído e fica nervoso quando tem que conversar com os outras pessoas, briga muito e fica agressivo, não consegue fazer amigos, prefere ficar sozinho, tem dificuldade de entender regras sociais, não aceitar regras, comportamento opositor ou desafiador.
*Dificuldade de aprender e acompanhar o desempenho acadêmico dos colegas.
*Desenvolvimento atrasado em relação ao esperado, por exemplo: demorou para falar, andar, ou realizar suas atividades de vida diária sozinho quando seria esperado.
*Comportamento frequentemente agressivo ou dificuldade de controle emocional, com explosões desproporcionais ao estressor.
*Comportamento de se machucar de propósito, discurso frequente sobre morte ou ameaça de se matar. Podendo se manifestar também como desenhos e brincadeiras com conteúdo excessivamente de morte/morrer.
O desenvolvimento infantil é algo complexo que merece cuidado e atenção dos pais. Muitas vezes, as crianças não apresentam sintomas claros de alguma psicopatologia ou transtorno, ou algumas mudanças repentinas de comportamento que podem ser um sinal de que algo não está indo muito bem. A psiquiatria da Infância e Adolescência é uma especialidade da medicina que visa tratar a saúde mental especialmente desse público. Somente o psiquiatra poderá diagnosticar, medicar e fazer os encaminhamentos necessários à cada caso, adequadamente. Contudo é importante que o preconceito seja deixado de lado para que a criança, se tiver apresentando algum problema, possa ter a oportunidade de ser mais saudável e feliz.